Mamãe anta foi reintroduzida pelo Refauna com o apoio do projeto Guapiaçu, em 2020, em Cachoeiras de Macacu
As florestas de Cachoeiras de Macacu contam agora com mais um pequeno integrante de anta-brasileira (Tapirus terrestris) em sua fauna. A anta Jasmim, reintroduzida em 2020, em Cachoeiras de Macacu pelo Refauna, com o apoio do Projeto Guapiaçu — realizado pelo Ação Socioambiental – ASA com a parceria da Petrobras — deu à luz seu terceiro filhote. O animal, que já tem um mês de vida, é a sétima anta que nasce na natureza desde o início do projeto de reintrodução dessa espécie no estado do Rio de Janeiro.
A descoberta do filhote foi feita graças à ciência cidadã — parceria entre cidadãos e cientistas para coleta de dados que auxiliam em pesquisas científicas e que podem resultar em ações concretas de conservação. O primeiro registro do animal foi realizado pelo biológico Manoel Muanis, que cruzou com a anta Jasmim e sua cria enquanto estava em campo para o seu projeto Wildlife and reforestation in Brazil, que monitora os mamíferos da Reserva Ecológica de Guapiaçu (REGUA) desde 2018. Mesmo não sabendo se tratar de um novo animal, ele compartilhou o vídeo com a equipe do Refauna e Ação Socioambiental.
“Ficamos muito felizes de saber do sétimo nascimento de filhote de anta. A Jasmim veio do zoológico de Guarulhos, se adaptou muito bem e está apresentando um ótimo sucesso reprodutivo. Esse é seu terceiro filhote desde que foi reintroduzida em 2020”, conta a coordenadora do monitoramento de biodiversidade do Projeto Guapiaçu, Joana Macedo.
No total, já foram reintroduzidas 22 antas. Infelizmente, oito não sobreviveram, e as outras 14 se adaptaram bem e algumas já estão se reproduzindo. Até agora foram registrados sete nascimentos, com o novo filhote da anta Jasmim.
O projeto de reintrodução de antas no estado do Rio tem o objetivo de estabelecer uma população com no mínimo 50 animais nas florestas do Parque Estadual dos Três Picos e Unidades de Conservação adjacentes. Para atingir essa meta, são feitas várias parcerias, incluindo zoológicos e criadouros que fornecem os animais para reintrodução na natureza.
Para o processo de soltura, as antas são acomodadas em caixas de transporte próprias e transportadas em caminhão. A viagem é feita pela empresa especializada MPFauna, com acompanhamento de veterinários, câmeras para monitorar o comportamento dos animais durante todo o percurso, velocidade baixa e muitas paradas para que eles recebam água e frutas.
Após passarem por cercado de aclimatação, é realizada a soltura. As antas passam então a serem monitoradas por meio de armadilhas fotográficas e colar de radiotelemetria. Com esses equipamentos, os especialistas conseguem saber a localização do animal, além de acompanhar seu estado de saúde, observar seus hábitos e sua reprodução.
No Rio de Janeiro, essa espécie chegou a ser totalmente extinta. O último registro oficial de antas no estado foi em 1914, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, e agora as instituições trabalham para recuperar essa perda.
“A reintrodução das antas proporciona o retorno às matas fluminenses de uma espécie que tem um importante papel ecológico e está classificada como vulnerável à extinção, com declínio de 30% de suas populações nas últimas três décadas, devido à perda e fragmentação de habitat, caça e atropelamentos”, explica Joana Macedo.
“Esses animais também são considerados como ‘jardineiros das florestas’, por desempenhar um importante papel na dispersão de sementes e na poda de ramos e herbáceas, contribuindo para um plantio natural em meio à natureza. Por isso projetos de restauração ecológica devem apoiar a reintrodução de fauna extinta”, completa Gabriela Viana, dirigente do Ação Socioambiental – ASA.
Parceria
A coordenação e execução das atividades de reintrodução e monitoramento das antas é liderado pelo Refauna. Já o Instituto de Ação Socioambiental desenvolve as atividades de restauração ecológica, educação ambiental e conscientização da comunidade do entorno, além de oferecer assistência nas atividades de reintrodução e monitoramento dos animais, por meio do Projeto Guapiaçu, em parceria com a Petrobras.
Sobre o Projeto Guapiaçu
O projeto Guapiaçu, realizado pelo Ação Socioambiental – ASA, com o apoio da Petrobras, tem como objetivo contribuir para a melhoria socioambiental da região da Baía de Guanabara e entorno, por meio de ações que integrem ambientes e comunidades locais, potencializando ações de restauração, educação ambiental, monitoramento de biodiversidade e reintrodução de fauna nativa.
A área de abrangência do projeto insere os municípios de Cachoeiras de Macacu, Magé, Itaboraí e Maricá, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, que passa por grandes mudanças na última década. Esta região hidrográfica é responsável pelo abastecimento de água de quase três milhões de pessoas na porção Leste da Baía de Guanabara. Segundo dados históricos, a sub-bacia Guapi-Macacu destaca-se por sua disponibilidade hídrica para outras regiões em quantidade e qualidade.